Cigarro causou 1 bilhão de mortes no século 20
Luis Fernando Correia Especial para o G1 26/08/09 -
Cigarro causou 1 bilhão de mortes no século 20
Em 2010, fumo custará 500 bilhões ao mundo.
"Atlas do Tabaco" aponta para dados alarmantes.
Um bilhão de mortos, muito mais do que todas as guerras no século 20. Segundo John Seffrin, da American Câncer Society, esse é o número de vítimas do tabagismo até hoje. Um terço da população mundial é fumante, a maioria em países em desenvolvimento. O uso do tabaco vai matar 6 milhões de pessoas em 2010 e custarão 500 bilhões ao mundo. Esses são alguns dos dados do Atlas do Tabaco, apresentado pela American Câncer Society em Dublin, durante a Conferência Global de Câncer. O documento traz avaliações epidemiológicas e econômicas do impacto do uso do tabaco através do mundo. No momento em que estamos tentando implantar legislações sobre o uso do tabaco nas principais cidades do Brasil alguns dados podem colocar as coisas em perspectiva.
Um quarto dos fumantes vai morrer prematuramente, ou seja, antes do 60 anos. A morte durante os anos mais produtivos de suas vidas altera o curso da vida de suas famílias e diminui a produtividade do país. A plantação de tabaco ocupa cerca de 4 milhões de hectares, área equivalente a todas as plantações de laranja e banana existentes no mundo. Toda essa terra produtiva poderia estar sendo cultivada para produção de alimentos. Dentre as vítimas do cigarro, 72% serão habitantes de países pobres ou em desenvolvimento.
Propaganda A indústria do tabaco ao longo das últimas décadas vem mudando suas estratégias para manter a lucratividade e espaço no mercado. As plantações foram deslocadas do mundo desenvolvido para os países africanos e sul-americanos. As campanhas de propaganda são desenhadas para atingir os mais jovens e especialmente que estejam nos países mais pobres e com legislações mais frágeis.
Além desses movimentos legais, a indústria vem fazendo tentativas antiéticas de barrar o avanço das leis que buscam restringir o uso do tabaco.
Na Inglaterra as companhias fumageiras fizeram propostas aos legisladores para relaxar as regras em troca de mamógrafos e verbas para pesquisas em oncologia.
Um dado econômico importante foi fornecido pela economista Hana Ross que participou da publicação do Atlas. A lucratividade dos bares e restaurantes nas cidades, onde as leis de banimento do fumo foram implantadas, cresceu 30% em um ano, contrariando o argumento mais utilizado pelos donos de estabelecimentos.